quinta-feira, 25 de março de 2010

já me habituei ao teu silêncio.

reencontros. continuo à procura de mim.

hoje apeteceram-me flores.

a vida também tem espinhos com aroma a rosas.


Vem!
Agarra a minha mão.
Sempre disseste que seríamos mais fortes.
Repara na brisa , na grama, nos pássaros que cantam
Nas rosas.
As rosas...
Vês! Até as rosas são colhidas.
Não lhes valem o encanto
Nem o aroma
Nem a beleza no jardim.
Afinal, não precisamos dar as mãos.

Delicioso!

quarta-feira, 24 de março de 2010


BONS SONHOS!!! :)



Tomara que todos os dias fossem assim... encontrar nos pormenores motivos para sorrir!

terça-feira, 23 de março de 2010

um pouco de sentir.

M. (ainda me lembro da ansiedade que senti por querer encontrar-te um nome…M…),

Conheci-te numa fase muito complicada da minha vida… Vieste dar-me ânimo, alegria, vieste despertar em mim o desejo de amar e de querer sentir-me verdadeiramente amada… Nos piores momentos fizeste-me (quase) sempre sorrir, amparaste alguma lágrima que teimosamente brotou, dançaste e cantaste comigo, rimos tanto juntos!

Encontrámos um no outro a esperança de sermos felizes, pois na verdade foi isso que sempre nos uniu. Ver no outro o confidente, o amigo, aquele que nos entende, que nos desculpa,… Vimos renascer no coração a oportunidade de partilha. Vimos no outro o tanto que pouco ou nada tínhamos tido e que acreditávamos existir. Assim, tudo parece perfeito. E seria. Seria perfeito se o sentir não nos atraiçoasse. Quisemos tanto dar tudo o que possuíamos quando na realidade nunca tivemos nada…sabes, nada é nosso.

Entendo-te tão bem que nem consigo entristecer-me… Um dia perguntamos um ao outro qual seria o significado do nosso encontro. Lembraste? Talvez hoje tenhas a resposta. Sempre disse que ela surgiria. Estamos um com o outro para nos suportarmos! Para nos ajudarmos! De outro modo, caminhar em frente teria sido muito difícil… Tu sabes.

Os nossos encontros foram crescendo e transformando-se de desejo em alegria, de alegria em querer, de querer em mansidão… E, no entanto, eu quero mais. Parece-me que o que tenho ainda não basta. Não pretendo ter-te, pois nunca de tive. Não me pertences, nem quereria que fosse de outro modo. Contigo sonhei. Tornei o meu mundo mais colorido. Despertaram-me desejos de ir mais além. De abraçar outros mundos. Contigo fui sempre eu. Simples. Clara. Objectiva. Nunca me escondi. Não pretendo fazê-lo.

Certo é que sempre falamos a mesma língua. Sempre entendemos no outro as palavras meias ditas. Os sentimentos meios confusos. Sempre! Até agora… agora eu quero voar outros céus nas tuas asas. Quero contemplar o belo. Aquele belo que me ensinaste a ver. Quero fazer surgir em mim amor em plenitude. Mas não basta o meu querer… O teu querer leva-te em outras direcções, a querer voar noutros céus.

Vai! Vai livre e confiante de que noutros céus encontrarás o que procuras, porque afinal o Amor é livre e desprendido.

Sim, agora entendo porque não manifestas o que sentes. Não o fazes porque não sentes. E sabes o que eu gostaria de ouvir, mas não tens força suficiente para o dizer sem o sentir. Adoro-te por nunca o teres dito.

Guarda em ti o pouco que te dei: o melhor de mim.

adeus.

gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.


Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.

Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.


Eugénio de Andrade

a mentira.

Se há algo que dói, que dói muito, é a mentira! Não a consigo suportar! Tenho pena, mas não consigo! Não consigo voltar a olhar nos olhos e ver o mesmo. Não consigo aceitar mais uma palavra. É algo que dói! Dói mais que o amor…à qual dificilmente sobrevive.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Por vezes sinto medo! Sinto medo que a vida me leve a doçura do meu olhar sobre as coisas. Me leve o sorriso. Me invada a alma e nela faça cair a noite. Uma noite sem lua, sem estrelas, sem céu… E nela repouse apenas o vazio.

segue o sonho. (por Mafii)


"Mesmo que te vás
Ficas para mim
Mesmo que me faltes
Estarás aqui,
E sou quem te espera
Quem por ti a alma condena.
As minhas palavras não ouves
Nem o que sinto conheces,
São só sorrisos em tempestades
Por todas essas vezes que em mim renasces.
Mesmo que não fiques
Estende-me a mão
Não esperes que eu suplique
Só te falo ao coração.
Guiam-te os sonhos
Que de mim te afastam,
Levam-te os sonhos
Perco-te o rasto."


Mafii in Não te consigo inventar


(querida, copiei-te porque me tenho sentido exactamente assim...)
Na longa espera...


Cuida de mim, cuidas?
Sinto-me ir no vento que sopra
Solta
Sem saber onde me levará…
Sem saber quais os caminhos
Quais os percalços
Sem quase querer
De um querer…
Procuro na estrada do sentirquemsou
E desvaneço…
Vou solta…
Vou na paz da solidão…
A vida obriga-me a ir
Sem quase querer
De um querer…

sexta-feira, 19 de março de 2010

Confiança


O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova...
Miguel Torga

segunda-feira, 15 de março de 2010


Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.


Fernando Pessoa

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlaçemos as mãos).

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.

Fernando Pessoa

Lágrima de preta

Porque um dia li e tocou-me...

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.


Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume: nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

António Gedeão

sexta-feira, 12 de março de 2010


" Volta o teu rosto sempre na direcção do sol e então as sombras ficarão para trás. "

( Sabedoria oriental )

Querem uma Luz Melhor que a do Sol!

Ah! Querem uma luz melhor que a do Sol!
Querem prados mais verdes do que estes!
Querem flores mais belas do que estas que vejo!
A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontentam,
O que quero é um sol mais sol que o Sol,
O que quero é prados mais prados que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores que estas flores
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!

Alberto Caeiro
in "Poemas Inconjuntos" Heterónimo de Fernando Pessoa

Um abraço!

Porque às vezes não encontramos palavras...

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